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Tiago Leal: “Era com esta estrutura e com estes jogadores que gostava de me estrear nesta divisão."

Com 28 anos, o paredense Tiago Leal é um promissor elemento da nova geração de bons treinadores de futebol da região do Vale do Sousa.
Com passagens pelas formações do Paços de Ferreira e Aliança de Gandra, foi em Rebordosa que Tiago Leal colecionou épocas de enorme nível nos iniciados, juvenis e, por fim, nos juniores, onde quase levava o Rebordosa aos campeonatos nacionais de formação 15 anos depois, um sonho que a pandemia adiou.
Outro dos sonhos em suspenso pela crise sanitária foi o comando técnico da equipa principal, onde não foi a tempo de se estrear na Divisão de Elite após a saída do treinador Tonanha. Contudo, Tiago Leal assume-se preparado para aceitar tal desafio na próxima época, dar continuidade a um trajeto muito positivo do Rebordosa no futebol distrital nas épocas mais recentes, e mostrar a sua competência e evolução em patamares crescentes de exigência.
 
COMPLEXO | Terminou a sua primeira época no comando técnico da equipa principal do Rebordosa, num período da nossa história coletiva completamente pouco habitual. Numa altura em que o Tiago ia ter a oportunidade de se estrear em novas funções, que sentimento fica, desde já, pela impossibilidade de ajudar o clube a lutar pelos lugares da frente, ainda que por motivos mais do que justificados?
Tiago Leal | Sim, sem dúvida que era um passo importante na minha caminhada, e acima de tudo seria a estreia no clube que tanto me tem dado. Estava feliz por terem reconhecido o meu trabalho internamente e terem-me dado esta oportunidade. Infelizmente, surgiu este problema a nível mundial que ditou a suspensão do campeonato, e também não me deu a oportunidade de fazer a minha estreia oficial. Fiquei triste, mas pelo problema que é, é mais que compreensível.
 
Após vários anos a representar o clube na formação, como foi encarado por si este desafio de treinar o Rebordosa, ainda envolvido na luta pelos lugares cimeiros esta época?
O desafio foi encarado como foi até agora, com vontade, rigor e profissionalismo. É um orgulho poder estrear-me numa equipa que luta todos os anos por objetivos bem definidos.
 
Tendo em conta as características da equipa, o que poderíamos esperar que o Rebordosa fosse capaz de fazer, naquilo que restava da temporada?
Quem acompanha a equipa sabia que estávamos pendentes das equipas que se encontravam à nossa frente e dos nossos confrontos com eles, mas o que passei aos jogadores foi a esperança e o acreditar. Faltavam cinco jornadas, havia muitos confrontos entre os primeiros e, se cumpríssemos, poderíamos ter tido uma palavra a dizer. 
 
Antes do cancelamento do campeonato, que descrição se pode fazer da campanha da equipa, e da qualidade que soube ser capaz de colocar dentro de campo?
A equipa tinha uma qualidade acima da média, com jogadores e seres humanos incríveis. Estava orientada por um excelente treinador, o mister Tonanha, com o qual aprendi muito, mas estávamos numa fase em que as coisas não estavam a correr como queríamos. Iniciámos bem o campeonato e vencemos a primeira volta mas infelizmente, na fase final, notava-se alguma ansiedade pelos resultados não estarem a ser os pretendidos. 
 
O Rebordosa foi uma equipa que, dentro de campo, foi capaz de protagonizar várias séries de excelentes resultados desportivos, tais como a invencibilidade nas quinze primeiras jornadas do campeonato, e uma série mais recente de cinco jogos seguidos sem perder. Que fatores explicam este rendimento?
Tal como disse, o plantel tinha uma qualidade excecional, mas curto. Atravessámos um período de lesões, o que reduziu as opções e soluções em jogo. Os resultados começaram a declinar e a ansiedade aumentou. Notava-se muitas das vezes a precipitação em jogo. No ano passado já tinha sido provado que tínhamos uma palavra a dizer, e provámos na primeira fase que a vontade era a mesma. 
 
Na Taça da AF Porto, o Rebordosa estava já apurado para os quartas-de-final, onde ia defrontar o São Pedro da Cova, num jogo que foi, entretanto, cancelado por força da pandemia. Que comentário se pode fazer à performance da equipa nesta competição?
A nossa equipa cumpriu os objetivos até aos quartos de final, que era vencer. A partida com o S. Pedro da Cova ser um jogo difícil, mas iríamos encarar o jogo de forma natural. Era uma vontade enorme de conquistar a taça. 
 
Muita discussão tem sido gerada em torno da ausência de subidas de divisão esta época para o Campeonato de Portugal, medida que, aparentemente, pode ser vista como penalizadora para as equipas que estavam nos lugares da frente, como era o vosso caso. Até que ponto acha que poderia ter sido tomada outra decisão, que pudesse permitir subidas, e até um modelo que permitisse às equipas melhor classificadas, lutar pelo acesso ao Campeonato de Portugal?
A forma justa era acabar o campeonato, faltavam cinco jornadas e muitos confrontos. Houve muita discussão entre a classificação da primeira volta e a classificação atual em caso de subida, e é normal este desfecho não agradar a todos. Acho mesmo que a Divisão de Elite devia discutir-se apenas numa série de modo que, em casos excecionais, pudesse ser possível tomar outras decisões. Uma das soluções seria, no próximo ano, haver uma única divisão acima da Divisão de Elite, com as oito primeiras equipas de cada série.
 
Nas quatro últimas épocas, o pior que o Rebordosa conseguiu foi um 4º lugar na Divisão de Elite, o que é ilustrativo da competitividade das suas equipas. O que tem explicado todas estas boas classificações, e em que medida não podemos prever que o clube pode estar perto de atingir objetivos ainda mais ambiciosos?
Acho que a medida que os anos vão passando a imagem do Rebordosa fica cada vez mais forte. O Rebordosa tornou-se um nome “forte” que luta por lugares cimeiros e com objetivos bem delineados. A prova esta dada nestes últimos anos, mas tem faltado a sorte para a subida aos campeonatos nacionais. 
 
Desde 2015/16, iniciou um percurso de enorme sucesso no Rebordosa. Conte-nos como tem sido esse trajeto, que dura até hoje nos juniores e seniores.
Vim pôr o Rebordosa à procura de outros objetivos. Entrei apenas a pensar na formação, mas à medida que fui subindo de escalão, o desejo da equipa sénior começou a elevar-se. Nunca quis dar um passo maior do que podia dar, e foi conquistando o campeonato pouco a pouco. Estes dois últimos anos foram especiais porque, no ano passado, estávamos na ultima divisão de juniores e, este ano, podíamos estar a caminho dos campeonatos nacionais, onde o Rebordosa não tinha uma equipa há mais de 15 anos. Mesmo assim, terminamos em primeiro lugar entre as equipas “A” da AF Porto e, por isso, em caso de mudanças, seremos a primeira equipa a subir aos campeonatos nacionais de sub-19 do nosso distrito. 
 
Que fatores explicam os excelentes resultados das suas equipas nestes últimos anos?
Acima de tudo, os jogadores. Tive e tenho grupos fantásticos que gostam de aprender e evoluir. A competência deles tem levado o nome do Rebordosa longe, e o clube está grato por isso. As equipas técnicas foram importantíssimas, e acertei em cheio em cada um, estou muito grato a eles todos. Alem disso, as condições de trabalho são fantásticas, o que contribui para o rendimento da equipa. 
 
Numa altura em que a crise que económica se seguirá à crise gerada desde já pela pandemia, que importância terá a formação do clube, e todo este talento que o Rebordosa está a desenvolver, para garantir o futuro do clube?
Penso que a cada ano que passa, a fasquia da qualidade da formação do Rebordosa tem crescido. Os jogadores sentem-se bem em estar no clube, e neste ano que passou criaram os sub23 para dar valor à formação e lançar jogadores que não tiveram oportunidade. Acho que, no futuro, a formação vai ser uma mais valia e dar muitos pontos ao Rebordosa. O presidente Joaquim Barbosa tem defendido a formação, sendo um dos impulsionadores dos campeonatos de sub-23, e o trabalho dele parece estar a dar cartas em todos os sentidos. 
 
Que impacto a crise que está próxima vai provocar em clubes como o Rebordosa, e de que forma o clube se poderá adaptar a tempos mais difíceis?
O Rebordosa vai manter uma estrutura segura e cumpridora, tenho a certeza disso. De um modo geral terá de haver diversas adaptações, mas a nossa imagem penso que irá manter-se. Um clube de gente trabalhadora que gosta de marcar a diferença. 
 
Enquanto técnico, até que ponto se sente preparado para assumir o desafio de treinar a equipa principal, e o que se poderá esperar de si e de uma equipa sua, caso se venha a confirmar essa continuidade?
Da mesma forma que aceitei nesta época que não terminou, também o faria na próxima época. Fiquei muito feliz pelo voto de confiança da direção e dos jogadores.  A vontade é muita, e sinto que me adaptaria rapidamente ao contexto visto que o futebol sénior é diferente da formação. Mantendo a estrutura e uma base de jogadores, já tinha sentido em treinos, que eles iriam ajudar-me e eu iria ajudá-los. Era com esta estrutura e com estes jogadores que gostava de me estrear nesta divisão.
 
Para quem não o conhece como treinador, quem é o Tiago Leal e qual a filosofia, o «ADN», de trabalho e de jogo, que caracterizam as suas equipas?
Quem me acompanha conhece o meu estilo de jogo. Jogo muito apoiado com características próprias. Muito exigente em certos momentos de jogo e equipas com muita vontade de ganhar e respeitadoras pelos adversários. Sobrevalorizo a união do grupo, e temos de trabalhar no mesmo caminho e isso é a minha luta todos os dias. 
 
Quais os objetivos que, em função da autoavaliação das suas capacidades e competências, define para o seu percurso como treinador?
Todos os dias gosto de apreender. Tenho uma formação académica extensa e em várias vertentes do futebol. Gosto de ouvir criticas da direção, diretores, jogadores e adeptos. Gosto de ouvir uma opinião diferente, relativamente às minhas ideias e visões em diferentes situações de jogo. Isso ajuda-me a crescer dia-a-dia para ser melhor. Acho que essa humildade me tem levado longe, e tenho ido ao encontro da melhor ideia de jogo e de cada jogador para conseguir tirar o melhor dele porque sem duvida que o coletivo fica mais forte. 
 
Até que ponto podemos olhar para si como um dos grandes treinadores do futuro nesta região e, caso as suas ambições sejam as de chegar a um patamar elevado de competitividade e profissionalismo, o que está pronto a fazer e a mostrar para conquistar os seus objetivos na modalidade?
Tenho ambições e trabalho para isso. Estou a contruir uma identidade e a trabalhar na minha evolução em cada dia, em cada treino e em cada jogo. Vivo intensamente o treino, com diversidade de exercícios que mantenham o jogador motivado e despertem o interesse na evolução das suas capacidades individuais e intelectuais em situações reiais de jogo. E sempre a uma intensidade elevada, pois defendo que devemos treinar como jogamos ao fim-de-semana. Vou continuar a trabalhar, e se acharem que tenho competência para voos maiores, vou mostrar as minhas capacidades. Se isso não acontecer, vou continuar a ser feliz com as conquistas que tenho vindo a ter. 
 
Entrevistador: Gonçalo Novais
Entrevistado: Tiago Leal

 

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Data de publicação: 2020-05-11

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