Pedro Nazário, para alem de excelente profissional é acima de tudo um excelente ser humano. É talvez esse o segredo para o seu sucesso.
ENTREVISTA | Pedro Nazário "conseguimos recuperar a tradição de outros tempos
Pedro Nazário é o treinador principal da formação do Hóquei Clube do Marco. Aos 37 anos, o Pedro Nazário é um dos jovens técnicos do Hóquei Patins português, sendo um marcoense de gema e com uma paixão pelo emblema do Marco Canaveses, onde foi atleta, treinador de formação até que assumiu a liderança da equipa principal, na última temporada.
COMPLEXO | Pedro Nazário é o treinador da equipa do Marco Hóquei Clube onde tem uma forte ligação. Fale-nos um pouco da sua ligação e percurso no Marco HC ?
Pedro Nazário | É naturalmente uma forte ligação. Trata-se do clube da minha terra, onde fui formado enquanto jogador e que me permitiu ainda realizar a transição entre o papel de jogador e treinador. Enquanto atleta conseguimos conquistas importantes na formação e a nível sénior alcançamos estatuto e estabilidade com reconhecidas prestações na 2ª divisão e taça de Portugal durante quase duas décadas. Como treinador, acredito que conseguimos recuperar a tradição de outros tempos com equipas muito competitivas no escalão de sub 20 e sub 23, procurando criar uma base para a equipa sénior do futuro.
Como tem sido vivido este longo período fora da competição e do ringue devido à pandemia?
Foram tempos difíceis, sobretudo porque passamos muito tempo juntos e de um momento para o outro acabamos por obrigatoriamente nos distanciar. Destaco sobretudo este aspeto, somos um grupo unido. Desportivamente, as consequências são conhecidas e transversais a quase todos os clubes da nossa realidade.
A Federação Portuguesa de Patinagem deu por concluídas as competições e já reformulou a próxima época. A mesma inicia com os designados preliminares de subida e descida. Concorda com a solução encontrada pela FPP? Porquê?
É um assunto encerrado para nós, estamos focados nos treinos e na preparação para as provas preliminares. A direção do Hóquei Clube do Marco manifestou a sua opinião nas reuniões que antecederam a decisão da FPP, e basicamente defendia uma solução que fosse mais de encontro à verdade desportiva, ou seja, uma liguilha de subida e outra de descida.
Marco HC irá disputar os pré-preliminares de acesso à 2ª divisão nacional, sendo esse o primeiro grande objetivo para a nova temporada. Na sua opinião, o não alcançar a subida poderá ser frustrante e até que ponto poderá condicionar a restante temporada?
Enquanto grupo temos os nossos objetivos e critérios de sucesso muito bem definidos e vão muito além dos resultados. Obviamente, se estamos numa competição em que se procura o acesso à segunda divisão, vamos procurar conseguir isso. De qualquer forma, o mais importante é sermos fiéis aos nossos princípios e compromissos.
O plantel irá ter algumas caras novas, uma aposta em jogadores experientes de divisões superiores. Quais foram os principais critérios na contratação dos atletas?
Equilíbrio. Procuramos dar equilíbrio à equipa tanto a nível de experiência como a nível de características técnico/táticas.
O que espera que as novas contratações acrescentem à equipa na próxima época?
Basicamente mais soluções. Acreditamos que acrescentam uma maior variedade de respostas para diferentes momentos de jogo.
Iniciou o treino individual há 1 mês e irá, esta semana, iniciar o treino em grupo sem limitações. Na sua opinião, como técnico, quais serão as maiores dificuldades para os atletas voltarem aos índices físicos e competitivos?
O maior desafio foi ajustar o planeamento à realidade atual. Os treinos individualizados permitiram trabalhar mais aspetos físicos, técnicos e outras questões associadas ao grupo . A partir de agosto já será um trabalho mais generalizado.
Iniciará os pré-preliminares frente ao USC Paredes, num dérbi regional sempre muito emocionante de se seguir. Que antevisão faz do jogo, mesmo ainda faltando mais de um mês para a sua realização?
Antevejo um jogo com muita entrega e vontade de ganhar de ambas as partes. Provavelmente não será um jogo com o melhor hóquei possível dadas as circunstâncias e a fase tão precoce da época. De qualquer forma, a qualidade individual dos jogadores vai garantir sempre excelentes momentos.
O HC Maia e Lavra que são duas equipas que defrontou na última época. Quais são, na sua opinião, os principais pontos fortes que reconhece a ambos os conjuntos?
Acredito que todos os jogos vão ser muito equilibrados. O conhecimento que temos das equipas da época passada esta distorcido. Todas as equipas procuraram ajustar os planteis, sendo assim é difícil prever muitas coisas. No entanto, reconheço muita qualidade em ambas.
Falando um pouco do panorama do hóquei em patins nacional, qual a sua opinião relativamente ao futuro da modalidade?
É uma boa fase esta que passamos, somos novamente campeões do mundo e temos os melhores campeonatos. É importante termos a visão de que este facto não pode fazer com que os nossos jovens jogadores talentosos percam espaço nas nossas principais competições. Se garantirmos este equilíbrio vamos conseguir manter este bom momento.
Sendo o Pedro Nazário um técnico com experiência em escalões de formação, vê um futuro de crescimento e entusiasmo dos jovens pela modalidade?
O trabalho com os jovens é fundamental. Aliás, acredito que o sucesso do presente é sempre reflexo dum bom trabalho efetuado com os jovens e os escalões de formação. O hóquei é um desporto peculiar, a “especialidade” tem que começar bem mais cedo do que em outros desportos e o entusiasmo pela patinagem e pelo hóquei deve iniciar em idades bem precoces. Aqui acho que podemos melhorar, os modelos atuais na pré-competição (6 aos 11 anos) estão desajustados e devem ser mais atrativos. Na generalidade os treinadores defendem modelos em formato mais reduzido tanto a nível de espaço como de elementos de equipa (ringues mais pequenos e 3x3) contudo, é uma medida que tarda em ser implementada. As estratégias de captação são boas e pelo pais inteiro a iniciação à patinagem esta nos infantários e escolas básicas.
Muitas das vezes a população só olha para o hóquei em patins aquando dos grandes feitos. Que mensagem gostaria de deixar para os aficionados pela modalidade e pelo Marco HC?
Aos aficionados pelo Hóquei Clube do Marco deixar a garantia que vamos sempre procurar dar o nosso melhor e tentar manter a boa fase em que nos encontrávamos aquando a interrupção competitiva. Sentia que estávamos a recuperar o animo dos adeptos e as bancadas encontravam-se cada vez mais compostas. Apesar das atuais circunstâncias queremos continuar a sentir o apoio deles.
Quanto aos aficionados pela modalidade deixar a crença de que hóquei em patins português vai continuar espetacular e a conquistar títulos.
CONHECE MELHOR | 11 PERGUNTAS RÁPIDAS
Hoquista de Referência? Pedro Alves
Um dia sonho visitar? San Juan (Argentina)
Família é? Pilar
A tua maior conquista? Está para chegar
A maior aventura foi? Ser treinador
Dois adjetivos que te definem? Dedicado e persistente.
O que te faz sorrir? Os memes dos meus atletas
Uma stick é? Uma “varinha mágica”
O último livro lido foi? Mente, desporto e performance: o fator Psi (Sidónio Serpa)
Um objetivo desportivo? Conseguir sempre o melhor de mim (não é fácil)
Complexo é? Surpresa agradável
Entrevistador: Luís Leal
Entrevistado: Pedro Nazário
Data de publicação: 2020-08-02
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Marisa
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